#69 Músicas de Bar
Publicado em quinta-feira, 7 de agosto de 2025cabeça
A cultura do bar sempre foi um ambiente muito musical, e alguns sons capturaram, com muita precisão, a essência dos seus frequentadores e da vida noturna, e é pensando nisso que fizemos uma seleção especial pensando no ambiente boêmio como um lugar em que sobreviveram hinos da música popular de outras décadas, desde o samba melancólico de Paulo Vanzolini até a ascensão do cancioneiro brega representado por nomes como Odair José, Paulo Sérgio, Reginaldo Rossi, Nelson Ned e Edvaldo Braga que, através de suas interpretações dramáticas cantaram histórias que atingiram profundamente o coração do homem brasileiro da classe trabalhadora… e o que Jair Naves tem tudo a ver com isso? descubra em mais um episódio clássico de tricerátops show!
tocamos
- Jair Naves - No fim da ladeira, entre vielas tortuosas
- Reginaldo Rossi - Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme
- Odair José - Vou tirar você desse lugar
- Inezita Barroso - Ronda
- Evaldo Braga - A cruz que carrego
- Paulo Sérgio - Não creio em mais nada
- Nelson Ned - Tudo passa
recomendamos
- (artigo) One Size Fits All de Ruben Pater
- (filme) Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2009)
mencionados
- Uma Vida Só (Pare De Tomar A Pílula) - YouTube
- Tudo passará: A vida de Nelson Ned, o Pequeno Gigante da Canção | Amazon.com.br
- Odair José fala sobre apresentação ao lado de Caetano Veloso em festival - YouTube
escusas
- Eduardo quis dizer INTESTINO de porco como uma espécie de camisinha, não testículo
Shout outs
- Pra Jenny, amiga do Eduardo e moradora na roça da Sicília
referências
- Nanismo, drogas e religião: a vida de Nelson Ned, um dos cantores brasileiros mais populares no exterior
- Reginaldo Rossi, que morreu há dez anos, virou meme ao assumir o brega | O TEMPO
- Eu não sou cachorro, não | Amazon.com.br
otras cositas más
- playlists com as músicas do podcast
- nosso email de contato é
contato@triceratops.show
textinho do luiz sobre bar
Das maiores marcas da maturidade tá na contradição de descobrir o prazer no amargo da vida, aquele momento que a gente arranja uma brecha pra pensar na vida e achar graça nas vicissitudes que destino nos reserva, sejam os acidentes inevitáveis da vida, sejam as péssimas escolhas que a gente tem, acho que ser adulto tem a ver um pouco com abraçar as consequências e aprender a conviver com as coisas que fogem o nosso controle… A solidão, o luto, nossas lembranças mais ridículas, nossas pequenas covardias do dia-a-dia, nossas próprias limitações… Eu nunca conheci alguém que tivesse levado porrada, não é mesmo? tudo isso constitui essa nossa miserável existência, e toda essa mediocridade fica poeticamente mais fascinante quando olhamos tudo sob o prisma de um bom e velho copo americano cheio de cachaça.
Óbvio que no meio desse caminho torto que nos guia até o envelhecimento, sempre há de haver um bar, um porto seguro pronto pras nos receber sem julgamentos, você pode ser a pior pessoa do mundo, haverá sempre um copo e uma mesa te esperando em algum canto dessa vida vadia,
Um canto para se refletir sobre péssimas escolhas, ou pode ser também um canto perfeito pára se pagar impulso fazer novas péssimas escolhas.O alcóolatras já encontraram o amor fati, antes mesmo dos estóicos.
O Fato é que o bar faz parte do DNA do brasileiro, seja como um ambiente social, um lugar barato para um date romântico, ou até mesmo um método de terapia, quem nunca foi afogar as mágoas em um copo de conhaque e passou horas ouvindo conselhos de pessoas mais fodidas ainda? Quanto mais raiz, mais verdadeira a parada, e quanto mais verdadeiro, menos preocupação em ser temático. Um bar é um bar, e ainda assim, um templo, onde guarda-se toda a existência afetiva de uma nação, como se todo o recorte um momento da humanidade permanecesse preservado, e intacto, tal qual as canções - que datam 40, 50, 60 ou 70 anos - e que, mesmo assim, sempre estarão lá para criar a trilha sonora mais deprimente, capaz de capturar nossa consciência, na mesa de um bar.
